Quem foi Carlos Alberto de Oliveira Andrade?
Ele transformou o negócio automobilístico brasileiro e criou um negócio bilionário com mais de 40 anos de história.
Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o Doutor Caoa, foi responsável por diversas iniciativas que movimentam e transformam o mercado automobilístico nacional nas últimas décadas. Médico de formação, o paraibano começou a empreender ainda jovem na medicina, quando dentro de um hospital criou uma rede de realização de suturas. Que o fez ter uma vida extremamente confortável em seus primeiros anos como médico.
Começo de sua jornada no mundo dos carros
Já a sua entrada no mercado automobilístico foi de uma maneira curiosa, após ter enxergado uma oportunidade em meio a uma dificuldade, característica que foi marcante em sua trajetória. Em 1979, o médico com 36 anos, encomendou um luxuoso Ford Landau para uma concessionária de Campina Grande na Paraíba.
Antes de receber o carro a concessionária faliu, impedindo de entregar o veículo para o Carlos. O médico decidiu assumir o negócio para tentar salvar, uma decisão extremamente corajosa em um período de alta inflação.
A CAOA percebeu que poderia se destacar no mercado de veículos se oferecesse condições que seus concorrentes não ofereciam na época. Enquanto os seus concorrentes só aceitavam pagamento à vista dos carros vendidos, Carlos passava aceitar todo tipo de permuta como parte do pagamento dos carros. O que inclui terrenos, carros antigos e até mesmo cabeças de gado.
Com este simples diferencial, Caoa estava agora exposto a um grande risco para saúde financeira do negócio, porém viu que o alto risco compensava com o retorno que obtinha. Na época, a própria Ford contatou Carlos para ser uma espécie de representante direto da marca. Uma oportunidade que lhe deu a chance de assumir várias outras lojas na região nordeste, e posteriormente, em São Paulo.
Expansão dos negócios
Vendendo carros, posteriormente passou a vender caminhões. Assim, em poucos anos ele se tornou o maior revendedor autorizado da Ford no Brasil. E posteriormente, de toda a América Latina. Dando origem ao grupo que foi batizado com o acrônimo de seu fundador, CAOA. Na época, o grupo chegou a ser responsável por cerca de 30% de todas as vendas de veículos da Ford no Brasil.
Curiosamente, uma das estratégias que o ajudou a crescer, foi o simples fato de abrir as concessionárias aos domingos, algo que não era comum na época. Carlos, também criou um consórcio para viabilizar a venda para consumidores que gostaria de comprar a prazo, assim nunca perdendo uma venda, como sempre fala.
O Consórcio CAOA, que existe até hoje, possui cartas para adquirir além de veículos, casas, construções e reformas. No início dos anos 90, com apenas 4 grandes montadoras no país, Ford, Chevrolet, Volkswagen e Fiat, o presidente do país, Collor, abriu a importação de veículos ao país.
Parceria com a Peugeot
Em 1992, Caoa se associou à montadora francesa Renault, para ser o representante e importador autorizado da marca no Brasil. Após 7 anos de parceria, a francesa decidiu abrir uma fábrica no estado do Paraná. Assim, Caoa não iria mais importar os veículos franceses.
Então Carlos foi atrás de uma parceria para importar ao Brasil os carros da montadora japonesa, Subaru. Até os dias atuais, a importação dos veículos de luxo e performance japoneses são de direitos da CAOA.
Parceria com a Hyundai
Posteriormente, veio outra parceria, está talvez uma das mais importantes de sua carreira, a parceria com a montadora coreana Hyundai. Que teve início das operações nos anos 2000, após sua chegada mal sucedida no Brasil e em outros países nos anos 90.
Então, a montadora coreana investiu fortemente para criar novos veículos com tecnologia de ponta e preços competitivos. Uma combinação poderosa que oferecia muito mais equipamentos por um preço menor que o praticado pelo mercado até então.
Com este novo portfólio de veículos, a marca nomeou Carlos como seu importador e representante oficial. Então ele criou uma rede de concessionárias, para que os carros chegassem aos principais centros comerciais do Brasil. Na época foi desenhada uma estratégia para que a empresa pudesse garantir peças de reposição para toda sua linha de veículos. O que ajudava na valorização dos carros.
Assim, a Hyundai introduziu a segunda linha de veículos no Brasil, com sucessos como o I30 e a Tucson, chamando a atenção do mercado nacional, oferecendo características de categorias mais altas a preços competitivos. Fazendo com que a marca se tornasse uma das mais populares do país, poucos anos após sua chegada ao país.
Na época, a Hyundai chegou a incomodar as outras grandes montadoras que já estavam estabelecidas e com fábricas no país, assim rendendo diversos prêmios à montadora coreana. Fazendo até com que a CAOA fosse considerado o melhor distribuidor do país.
Ainda na primeira década de 2000, Carlos investiu em uma grande fábrica da Hyundai em Goiás, acreditando no sucesso das vendas. Assim ajudava cada vez a montadora, inserindo agora carros nacionais em seu catálogo. Iniciando a produção de veículos mais baratos, como o sucesso do HB20.
Maior avanço nos negócios – Parceria CAOA Cherry
Em 2017, após estreitar a relação entre o grupo CAOA e a Hyundai, o então fundador do grupo resolveu dar mais um grande passo, talvez um de seus mais ousados empreendimentos, comprando 50,7% da montadora chinesa Chery no Brasil.
Marca que até então não tinha caído no gosto dos brasileiros, e só acumulava prejuízos financeiros e diversas reclamações. Surgindo assim a CAOA CHERY que antes seu foco eram carros mais em conta, passou a fabricar e comercializar no Brasil carros de alto padrão, porém mais em conta que seus concorrentes.
Além da fábrica da Hyundai em Goiás que passou a produzir veículos Chery também, Carlos decidiu abrir uma fábrica exclusiva para montar os veículos chineses em Jacareí, interior de São Paulo. Assim, em 10 meses Carlos abriu mais de 40 concessionárias da marca, espalhadas por todo o Brasil.
Carlos conseguiu transformar a então montadora chinesa que não tinha sucesso no país, a décima montadora que mais vende, com dezenas de milhares de carros vendidos anualmente.
Em 14 de Agosto de 2021, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, após complicações em sua saúde, faleceu aos 77 anos de idade.