Nos anos 1970, uma combinação de crise internacional e inovação tecnológica impulsionou uma revolução no setor automobilístico brasileiro: o desenvolvimento do primeiro carro movido a álcool. Em meio à crise do petróleo, que elevou os preços dos combustíveis fósseis, o governo brasileiro buscou alternativas energéticas e incentivou o uso de álcool como combustível. Esse movimento, conhecido como Programa Pró-Álcool, foi decisivo para criar uma solução sustentável para o país e inspirar o mundo.
O Primeiro Carro a Álcool: Fiat 147
Em 5 de julho de 1979, a Fiat lançou o primeiro carro movido exclusivamente a álcool do Brasil: o icônico Fiat 147. Equipado com um motor 1.3 cm³ a álcool hidratado, o Fiat 147 marcou a década e se tornou um marco na história da indústria automobilística.
Seu motor de quatro cilindros, com 62 cavalos e taxa de compressão de 11,2:1, mostrava-se altamente eficiente, comparado aos motores a gasolina da época, que tinham taxa de 7,2:1. O veículo representava uma alternativa aos combustíveis fósseis e simbolizava o início de uma nova era no setor automotivo.
O Programa Pró-Álcool e os Incentivos do Governo
A ideia de um motor a álcool ganhou força com o apoio do governo brasileiro, que lançou o Programa Pró-Álcool em 1975, oferecendo incentivos fiscais e financiamentos para viabilizar o uso de álcool como combustível.
Este programa nasceu como resposta à crise do petróleo de 1973, que aumentou os preços do barril em até 400% devido a tensões geopolíticas, como a Guerra de Yom Kippur e o embargo dos países árabes membros da OPEP. Ao incentivar o uso de álcool, derivado da cana-de-açúcar, o Brasil explorava um recurso renovável e abundante em suas terras.
A Prova de Fogo: Testes do Fiat 147 a Álcool pelo Brasil
Para demonstrar a eficácia do carro a álcool, a Fiat submeteu o Fiat 147 a uma jornada de 6.800 km pelo Brasil em 12 dias, enfrentando condições desafiadoras: estradas de terra, subidas, descidas e variações climáticas de até 30 graus Celsius.
Essa “prova de fogo” consolidou a confiança do público no novo modelo, já que o motor suportou toda a viagem sem falhas significativas.
Além de ser robusto e confiável, o motor a álcool proporcionava uma economia notável, já que os custos por quilômetro rodado eram significativamente mais baixos em comparação ao modelo a gasolina.
Curiosidades e o Legado do Fiat 147 a Álcool
De início, o porquê de todo esse incentivo vem da crise do petróleo de 1973, que teve derivações da Guerra de Yom Kippur, com países árabes que faziam parte da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) aumentando o preço do barril de petróleo em quase 400%.
Dessa forma, com o custo muito alto até para a importação, o governo brasileiro, que na época era a ditadura militar, fez o programa Pró- Álcool para incentivar o consumo do combustível derivado da cana de açúcar, pois era um produto farto em terras nacionais.
Com isso, a indústria automobilística ficou de olho em como fazer um motor a álcool e o resto da história você conseguiu perceber no decorrer deste artigo.
Agora no campo das curiosidades acerca do primeiro carro a álcool do país, o Fiat 147, temos algumas que valem a pena ser lidas, sendo a primeira o Rallye Internacional do Brasil, que foi disputado no mesmo ano do lançamento do carro, composta por uma equipe só de mulheres.
A segunda curiosidade é o nome popular que o Fiat 147 conquistou na época, com isso, ele era conhecido como “caninha”, isso porque o cheiro que escapava do seu escapamento era muito forte de álcool, com o que fez ele ganhar esse apelido “carinhoso” da população no fim dos anos 70 e início dos anos 80.