Bloqueio de verba deixa 65 mil km de rodovias sem fiscalização por radar

Desde 1° de agosto, mais de 65 mil km de rodovias federais ficaram sem fiscalização por radares após corte da verba do PNVC, elevando riscos e gerando alerta.
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Você já parou para pensar no que acontece quando o controle da velocidade simplesmente para? Pois é: desde 1° de agosto de 2025 mais de 65 mil quilômetros de rodovias federais deixaram de ser fiscalizados por radares. Não é só estatística — isso mexe diretamente com a segurança de quem dirige, dos passageiros e de quem está na estrada.

O que aconteceu?

O Programa Nacional de Controle Eletrônico de Velocidade, o PNVC, teve sua verba reduzida de R$ 364 milhões para apenas R$ 43,3 milhões. Esse corte ocorreu depois do bloqueio de parte do orçamento federal de 2025 — ao todo, o governo congelou R$ 10,7 bilhões para cumprir metas fiscais.

Na prática, essa redução tornou inviável a manutenção das operações de fiscalização por radar. A Secretaria Nacional dos Transportes (Senatran) havia avisado em abril, por meio da nota técnica nº 332/2025, que se mantida a dotação de R$ 43.360.000,00 haveria paralisação dos serviços já em junho. Os contratos ainda aguentaram mais alguns meses, mas a fiscalização terminou em 1° de agosto.

Qual a dimensão do corte?

  • Dos 66.100 km sem monitoramento, cerca de 14 mil km correspondem a rodovias concessionadas.
  • A Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito (Abeetrans) solicitou à Casa Civil a liberação de R$ 180 milhões como orçamento extraordinário para retomar as operações — pedido que, até a publicação deste texto, não foi atendido.

Por que isso é um problema real e imediato?

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Porque radares não existem apenas para multar — eles são instrumentos de moderação de velocidade. A Senatran lembra, com base em estudos e dados oficiais, que o excesso de velocidade é uma das principais causas de mortes no trânsito. Em locais onde há fiscalização eletrônica espalhada, as evidências apontam redução significativa tanto no número de acidentes quanto na gravidade das ocorrências.

Dados do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bid) estimam que um único radar pode evitar, em média, 3 mortes e 34 acidentes por ano. Em operações em larga escala, a redução pode chegar a 30% nos acidentes e até 60% nas mortes decorrentes de sinistros.

Qual o impacto na prática?

  • Mais velocidade média nas rodovias sem fiscalização;
  • Maior probabilidade de acidentes graves e fatais, especialmente em trechos com curvas, obras ou cruzamentos;
  • Risco aumentado para caminhoneiros e motoristas de veículos leves que dividem pista;
  • Potencial elevação dos custos para todos: danos materiais, ferimentos, tempo perdido em bloqueios e, claro, impacto emocional e financeiro para famílias.

Os radares foram removidos?

Não exatamente. Em muitos trechos os equipamentos permanecem instalados, mas a operação de medição e autuação parou por falta de recursos. Ou seja, o aparelho está lá, mas não está multando — o efeito de dissuasão reduz consideravelmente quando os motoristas percebem que não há fiscalização ativa.

O que isso significa para quem dirige?

Se você é motorista, caminhoneiro ou viaja com frequência, é hora de ajustar a atenção e revisar práticas. Aqui vão atitudes práticas que você pode tomar agora mesmo:

Antes de pegar a estrada

  • Revise seu plano de seguro automotivo e certifique-se de que está atualizado; imprevistos acontecem mais quando há menos fiscalização. Se quiser, faça uma cotação e veja opções para proteger seu veículo.
  • Cheque pressão de pneus, freios e luzes — a manutenção preventiva reduz riscos independente de fiscalização.

Durante a viagem

  • Mantenha velocidade compatível com as condições da via; mesmo sem radar, a física e a gravidade continuam valendo.
  • Respeite limites temporários em obras e mantenha distância segura entre veículos.
  • Se possível, prefira rotas com maior estrutura e iluminação, principalmente à noite.

E as concessionárias? Qual o papel delas?

Dos 66.100 km sem fiscalização, cerca de 14 mil km são de trechos concedidos — ou seja, estradas administradas por empresas que têm obrigações contratuais sobre manutenção e sinalização. Mesmo assim, a fiscalização eletrônica faz parte da gestão integrada de segurança viária: sem o financiamento do PNVC, a operação centralizada fica comprometida.

O que dizem as autoridades técnicas?

A Senatran alertou com antecedência: a nota técnica enviada em abril ao Dnit explicava que, com o orçamento reduzido, os contratos de fiscalização ficariam inviabilizados. A justificativa técnica é direta: a manutenção dos sistemas, contratos de monitoramento e processamento de infrações demanda recursos constantes — quando esses recursos somem, o serviço cessa.

Possíveis cenários e prazos

Existem alguns caminhos que podem acontecer a curto e médio prazo:

  • Liberação emergencial de recursos: se o governo autorizar um orçamento extraordinário — como o pedido de R$ 180 milhões da Abeetrans — a fiscalização pode ser retomada em semanas ou meses;
  • Reprogramação orçamentária: ajustes em outras verbas podem restabelecer parte das operações; esse caminho costuma levar mais tempo;
  • Manutenção parcial: priorizar trechos mais críticos para manter radares funcionando onde há maior incidência de acidentes;
  • Congelamento longo: se nada for liberado, alguns trechos podem ficar sem fiscalização por tempo indeterminado, aumentando riscos.

E as penalidades e autuações?

No momento em que os sistemas param de autuar, não há multa automática registrada eletronicamente nesses trechos. Porém, isso não significa que infrações deixam de ser infrações: fiscalização por agentes em campo, flagrantes e outras formas de autuação continuam possíveis. E claro, a legislação de trânsito permanece em vigor.

O que o cidadão pode cobrar?

Você pode e deve exigir respostas e providências. Algumas ações práticas:

  • Contactar representantes locais e pedir transparência sobre quando a fiscalização será restabelecida;
  • Exigir que trechos críticos recebam prioridade, com base em dados de sinistros;
  • Cobrar programas de educação e sinalização extra enquanto a fiscalização eletrônica não volta ao patamar anterior.

E agora?

O bloqueio orçamentário que deixou mais de 65 mil km sem fiscalização por radar é um alerta: políticas públicas e orçamento impactam diretamente a segurança nas estradas. A medida aumenta vulnerabilidades e acelera a necessidade de alternativas — desde melhor manutenção veicular até pressão por soluções governamentais.

Enquanto as autoridades definem o próximo passo, você pode agir de maneira preventiva: revise a manutenção do seu carro, pratique direção defensiva e proteja seu patrimônio com um seguro adequado. Para isso, vale a pena conferir opções e fazer uma cotação rápida e prática.

Perguntas frequentes

Os radares foram desmontados?

Em geral, permanecem instalados, mas muitos não estão operando para autuação por falta de recursos.

Há risco real de aumento de acidentes?

Sim. Estudos mostram que a fiscalização eletrônica reduz acidentes e mortes, portanto a interrupção oferece maior risco.

O que o governo pode fazer?

Liberar recursos emergenciais, reprogramar o orçamento ou priorizar trechos mais críticos para retomar o monitoramento.

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