O superaquecimento do motor é um dos problemas mais críticos que podem ocorrer em um automóvel. Além de causar danos materiais significativos devido às altas temperaturas, também resulta em prejuízos econômicos, pois pode derreter componentes e até fundir o motor — e os custos de reparo são elevados. Por isso, é fundamental que todo motorista adote medidas para evitar o superaquecimento do motor.
Para ajudar você a evitar esse problema, preparamos um guia detalhado sobre o funcionamento do sistema de arrefecimento do carro, as principais causas do aumento de temperatura, como identificar e reagir a esse problema, e as melhores práticas para preveni-lo.
O que é o Sistema de Arrefecimento e como ele funciona?
Antes de aprender a lidar com o superaquecimento do motor, é essencial entender o que é o sistema de arrefecimento de um carro e como ele opera.
A queima de combustíveis dentro do motor gera uma quantidade significativa de calor, que, se não for controlada, pode danificar seriamente os componentes do veículo. Para evitar esse problema, o sistema de arrefecimento entra em ação, dissipando o calor da combustão e mantendo a temperatura ideal de operação em torno de 90ºC.
O termo “arrefecer” significa “esfriar” ou “provocar o esfriamento”. Este sistema é composto por várias peças que trabalham em conjunto para evitar o superaquecimento do motor, garantindo seu funcionamento adequado e prolongando sua vida útil.
Peças e Materiais do Sistema de Arrefecimento
Manter a temperatura do motor em 90ºC é uma tarefa complexa, que depende da eficiência e coordenação de vários componentes. Esses componentes incluem: radiador, mangueiras, válvula termostática, bomba d’água, ventoinha, vaso de expansão e líquido de arrefecimento, que é composto por uma mistura de 50% de água desmineralizada e 50% de aditivo à base de etileno glicol (disponível separadamente ou já misturado).
Como esses componentes trabalham juntos? O líquido de arrefecimento circula pelo interior do motor através das mangueiras até chegar ao radiador, que troca calor entre o ar atmosférico e o líquido. A bomba d’água impulsiona o movimento do líquido, enquanto a válvula termostática controla o fluxo, bloqueando o líquido quando o motor está frio e liberando quando a temperatura aumenta.
O vaso de expansão, uma peça plástica, armazena o líquido de arrefecimento e permite verificar se o nível está correto. A ventoinha ajuda na refrigeração do motor, direcionando ar frio como um ventilador.
Conhecer as peças do sistema de arrefecimento é crucial para identificar as causas do superaquecimento do motor e tomar medidas preventivas adequadas.
Tipos de Líquidos de Arrefecimento
Diferenças entre Tipos de Líquidos de Arrefecimento
Os líquidos de arrefecimento são essenciais para manter o motor na temperatura ideal e prevenir o superaquecimento. Existem dois principais tipos de líquidos de arrefecimento: orgânicos e inorgânicos.
Líquidos de Arrefecimento Inorgânicos:
- Composição: São compostos principalmente por etileno glicol, com aditivos inorgânicos como silicatos, fosfatos e boratos.
- Benefícios: Protegem contra corrosão e depósitos minerais, sendo eficazes em motores mais antigos.
- Vida útil: Geralmente, precisam ser trocados a cada 2 anos ou 40.000 km.
- Aplicação: Indicados para veículos fabricados antes dos anos 90, especialmente aqueles com motores de ferro fundido.
Líquidos de Arrefecimento Orgânicos:
- Composição: Utilizam aditivos orgânicos, como ácidos carboxílicos, em combinação com etileno glicol ou propileno glicol.
- Benefícios: Proporcionam uma proteção mais duradoura contra corrosão e são menos propensos a formar depósitos.
- Vida útil: Podem durar até 5 anos ou 250.000 km, dependendo das recomendações do fabricante.
- Aplicação: Recomendados para veículos modernos, especialmente aqueles com motores de alumínio ou sistemas de arrefecimento mais avançados.
Escolha do Líquido Certo
Escolher o líquido de arrefecimento adequado para o seu veículo é crucial para garantir o bom desempenho e longevidade do motor. Aqui estão algumas dicas para fazer a escolha certa:
1 – Consulte o Manual do Proprietário:
- Recomendações do Fabricante: O manual do seu veículo especificará o tipo de líquido de arrefecimento recomendado. Seguir essas diretrizes é essencial para evitar incompatibilidades e garantir a proteção adequada do motor.
2 – Considere o Tipo de Motor:
- Materiais do Motor: Verifique se o motor do seu veículo é feito de ferro fundido ou alumínio. Motores de alumínio geralmente se beneficiam mais de líquidos de arrefecimento orgânicos.
3 – Avalie as Condições Climáticas:
Temperaturas Extremas: Em climas muito frios, líquidos de arrefecimento com maior concentração de etileno glicol são preferíveis para evitar o congelamento. Em climas quentes, a proteção contra a fervura é mais importante.
4 – Mistura Correta:
- Proporção Ideal: Utilize a mistura recomendada de água desmineralizada e aditivo (geralmente 50:50). A água desmineralizada evita a formação de depósitos minerais que podem obstruir o sistema de arrefecimento.
5 – Produtos Certificados:
- Qualidade Garantida: Opte por produtos de marcas reconhecidas e certificadas. Isso garante que você está usando um líquido de arrefecimento que atende aos padrões de qualidade e proteção.
Importância de Seguir as Recomendações do Fabricante
Seguir as recomendações do fabricante é essencial porque:
- Compatibilidade: Garante que o líquido de arrefecimento é compatível com os materiais do motor e do sistema de arrefecimento.
- Proteção: Fornece a proteção adequada contra corrosão, cavitação e depósitos.
- Desempenho: Mantém o motor funcionando na temperatura ideal, prevenindo superaquecimento e falhas mecânicas.
- Durabilidade: Aumenta a vida útil do motor e do sistema de arrefecimento, evitando reparos caros e frequentes.
Ao escolher o líquido de arrefecimento certo e seguir as orientações do fabricante, você assegura o bom funcionamento do seu veículo e prolonga a vida útil do motor.
Causas do Superaquecimento do Motor
O bom funcionamento do sistema de arrefecimento depende da operação eficiente de vários componentes simultaneamente. No entanto, se um deles falhar ou apresentar danos, todo o sistema será comprometido, perdendo a capacidade de manter a temperatura ideal do motor.
Aqui estão as falhas mais comuns nos componentes do sistema de arrefecimento que podem causar o superaquecimento do motor:
- A válvula termostática pode travar na posição fechada, impedindo o fluxo de líquido refrigerante e causando o aumento da temperatura do motor.
- A bomba d’água pode apresentar vazamentos ou ter suas pás desgastadas, comprometendo a circulação do líquido refrigerante na velocidade adequada.
- As mangueiras podem rasgar ou apresentar furos, levando à perda de líquido por vazamento e à redução da pressão interna. Com baixo volume e baixa pressão, o fluxo do líquido desacelera, evapora mais facilmente e não resfria adequadamente.
- Outra causa comum de superaquecimento é a falta de fluido no reservatório (vaso de expansão), muitas vezes devido à falta de checagem regular pelo motorista.
Conhecer essas causas é fundamental para prevenir o superaquecimento e garantir o bom desempenho do seu veículo.
Como Identificar o Superaquecimento do Motor e o que Fazer Nessa Situação?
O carro apresenta sinais claros quando o motor está superaquecendo, e é essencial que o motorista fique atento a esses indícios:
- Luz de alerta de temperatura acesa no painel;
- Vazamento de líquido refrigerante azul ou vermelho no chão;
- Barulho frequente e prolongado da ventoinha;
- Fumaça saindo do capô — em casos mais graves.
Se você notar algum desses sinais enquanto dirige, pare imediatamente e espere cerca de 40 minutos antes de verificar o nível do líquido no radiador. Esse tempo é necessário para que a tampa esfrie e evite queimaduras ao ser aberta.
Se o nível do líquido estiver baixo, reponha-o com o motor ligado e em marcha lenta para evitar choque térmico. Após esse procedimento, leve o veículo a uma oficina o mais rápido possível para uma avaliação completa.
Consequências do Superaquecimento do Motor
O superaquecimento do motor pode ter várias consequências graves. Uma das primeiras é o derretimento da junta do cabeçote devido ao calor extremo.
A deterioração dessa peça compromete o desempenho do motor, já que o cabeçote é responsável pela administração da entrada e saída de gases e combustíveis, além de definir o formato da câmara de combustão.
O custo de substituição da junta do cabeçote pode variar de R$2.500 em carros populares a até R$10.000 em veículos importados.
A pior consequência possível é a fusão do motor, que ocorre quando ele derrete completamente. Embora seja raro, isso pode acontecer se o motorista continuar a dirigir com o motor superaquecido sem realizar os reparos necessários.
Evitar esse cenário extremo depende de estar atento aos sinais de superaquecimento e agir rapidamente para resolver o problema.
Dicas de Prevenção
Para evitar os problemas causados pelo superaquecimento do motor, é fundamental adotar medidas preventivas e cuidados regulares com o veículo. Especialistas recomendam verificar o nível do líquido de arrefecimento semanalmente e sempre utilizar a mistura adequada de aditivo e água desmineralizada.
Essa composição é projetada para evitar que a água congele ou evapore. Utilizar apenas água da torneira não é recomendado e deve ser uma solução temporária apenas em casos de emergência para chegar à oficina.
Se perceber sinais de superaquecimento do motor, leve o carro imediatamente a uma oficina para identificar e resolver o problema. Manter a manutenção em dia é essencial para prevenir danos maiores e garantir o bom funcionamento do seu veículo.
